Não é querer viver no passado não... Mas tem outro jeito??? Na época em que eu ainda subia em árvore, brincava de boneca e cantava cantigas de roda, a música brasileira que estava na mídia era aquela feita por Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Tito Madi, Dorival Caymmi, Edu Lobo, Mutantes, Gilberto Gil, Elis Regina, Vinícius de Moraes, Rita Lee, Secos e Molhados, entre outros tantos... e era a época da ditadura militar... havia uns artistas mais pops que incomodavam menos os políticos, mas sua exponencialidade jamais alcansou o nível desses que eu mencionei anteriormente, exceto Roberto e Erasmo, mas apesar de pops esses dois têm uma aura, um não sei quê que permitia, e ainda permite, seu trânsito entre a casta nobre da tal MPB.
Bom, falo isso porque é impossível hoje assistir a televisão nacional sem se deparar com um tipo de música que é qualquer coisa, menos algo que possa representar a cultura musical brasileira... e o pior é que isso está acontecendo aos montes, e faz tempo... as gravadoras têm jogado no mercado dezenas e dezenas de donos de música descartável, sem conteúdo algum, alíás, minto, com conteúdo sim, mas fraco ou de cunho duvidoso... O pior é que são tratados como grandes feras... nada contra o desgosto musical de uns, nem a favor... isso sempre existiu, reafirmo... o esquema é mesmo esse: circulação de grana. A cada 10 artistas novos, ouso dizer que menos de 30% tem condição de ser analisado com critérios sérios do ponto de vista técnico musical e estético.
E aí vamos nós vivendo do passado... revisitando nossos célebres artistas ou criando coisas novas nos moldes do passado... com novos artistas redimensionando o bom e velho senso estético musical nacional... recriando...
Tem muita gente boa fazendo trabalhos fenomenais... todos escondidos do público e tendo como plateia somente músicos e entendidos... não vende, não toca... nem na tv aberta, nem no rádio...
Tem quem diga que isso é elitismo meu... que o povo não tem condições de fazer uma seleção criteriosa, que eu é que sou preconceituosa... e por aí vai... mas gente, o foco está errado... paralaxe cultural... as pessoas não sabem ouvir... como saberão consumir música? E a indústria fonográfica se se adapta ao mundo digital, só se redefine para a manutenção de um velho padrão capitalista que não prioriza nada além do giro financeiro que promove com o lixo atômico sonoro que chama hoje, também, música brasileira...
(pausa indignada)
Salve, Salve e Vida Longa para Consuelo de Paula, Izabel Padovani, Ana Cascardo, André Mehmari, Carlos Careqa, Lula Queiroga, Sérgio Santos, Breno Tuiz, Rafael Altério, Lydio Roberto, Celso Viáfora, Zeca Baleiro, Rogéria Holtz, Arnaldo Antunes, Sérgio Albach, Roberta Sá, Arlindo Cruz, Flávio Lira, Chico Saraiva, André Abujamra, Ana Luiza, Álvaro Ramos, Barbatuques, Mundaréu, Hélio Brandão, Guinga, Chico Pinheiro, Guilherme Rondon, Fato, Mônica Salmazo, Luiz Tatit, Iso Fischer, Ana Toledo, Ná Ozetti, Mara Fontoura, Dante Ozetti, Zé Luiz Mazziotti, Vicente Ribeiro, Rosa Passos, Daniel Migliavacca, Swami Jr, Gabriel Grossi,Vitor Ramil, Alexandre Nero, Fábio Cardoso, Sombrinha, Davi Sartori, Céu, Melina Mulazani, Virgínia Rosa, Itaércio Rocha, Marco Pereira, Mário Conde, Ceumar, Lucina, Glauco Sölter, Luhli, Rita Ribeiro, Mariana Leporace, João Egashira... me perdoem os que não foram citados... todo mundo aí não representa nem um décimo da riqueza criativa musical que temos neste país, nossos inrtumentistas, cantores e compositores...sim, quase desconhecidos... à margem da indústria das mídias tradicionais que insistem em perpetuar seus valores, valiosos artistas são ninguém para o grande público... uma heresia imensurável.
Existem às duzias, em todos os estados, em várias cidades... vários sotaques e estilos...
Abram seus ouvidos! Essas pessoas existem e as músicas deles também! Tudo na rede... fácil de achar... é só saber o que procurar! Mas... eis a questão! Alguém aí pode ajudar as pessoas a 'ver' esse outro lado da nossa música? Ou tudo vai ficar nisso mesmo??
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